sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Carnaval, festa de dor

06/02/05

O carnaval passado chegou, como sempre: samba, alegria, festa popular. Chegou nas ruas, nas casas, chegou no mundo.
O carnaval passado chegou com a dor a perda, trouxe a loucura. A festa popular que em um passado distante era gostosa e ingênua, hoje é pura loucura. Descaso, pouco caso e agressão. No meu caso, dor, angustia e aflição.
No carnaval passado, numa segunda feira, a folia corria solta e os trios, corriam elétricos. As musas sem roupas mostravam seus créditos.
No meio da folia, minha filha partia para sempre. O povo bebia, cantava, brincava nos salões. Dentro da UTI, um médico lutava contra o tempo. Pouquíssimo tempo. Lutava para que minha filha acordasse e soubesse que era carnaval. Mas o tempo não deixou. A morte a levou.
Do lado de fora, olhou nos olhos do pai e da irmã: ela ficou!
Como assim? - o pai perguntou.
- Ela se foi, nos a perdemos.
A irmã desmaiou. Acordou, se rasgou, desesperada...
Na segunda feira de carnaval o telefone tocou. Nossa Chris se foi para sempre. Eternamente.
Já faz tempo que não gosto de carnaval. Hoje, eu não suporto carnaval. Hoje não quero mais Natal, não quero mais carnaval, não quero samba, não quero mais fantasias. Hoje quero o carnaval distante, longe dos restos dos meus dias. Hoje, nesse carnaval, só quero gritar minha dor.
Por quê, por quê meu amor? Essa pergunta não me faço hoje, nem mesmo a fiz só no Natal, ela está cravada no meu coração, tangida em minha alma. Será para sempre e sei que nunca terei a resposta.

Às vezes o escuro causa panico, sensação de perda e de abandono. Nunca devemos permitir o escuro em nossas almas.