terça-feira, 27 de novembro de 2007

trecho de email do Deny (namorado da Chris na adolescência)

Oi, Mari!
Então... tá dificil da gente se encontrar pela vida para trocarmos uma "idéiazinha", né?
Até pouco tempo atrás estava com um negócio atravessado na garganta, meio sem saber como falar com voce e até mesmo sem saber o que falar.
Pode acreditar, quando soube o que tinha acontecido com a Chris, nossa...
Fiquei sabendo pela minha mãe que tinha conversado com sua tia.
Passei um bom tempo MUITO MAL... depressão total... ficava dias me perguntando "mas como", "por quê", "não é justo"!
Pode acreditar Mari, mas até agora não estou muito conformado com esse infortúnio que o DESTINO nos aprontou, ou seja, tolher a vida de uma pessoa na flor da existência... tão boa, expressiva, linda por dentro e por fora, de qualidades ímpares, dona de um jeitinho de ser só dela...
Atualmente só tem me restado orar e torcer para que onde quer que ela esteja, que fique em paz, pois isso com certeza o DESTINO não pode lhe faltar.
Espero que voces encontrem forças e equilibrio suficientes para lidar com essa enorme perda. Que consigam, como eu, perpetuar a memória dessa menina extremamente MARAVILHOSA , pelo resto de nossas vidas.
Recordo com saudades de nossa adolescência, período de altos e baixos mas repletos de emoção e adrenalina à mil. Putz, sua irmã foi e é muito importante para mim. Nos conhecemos numa fase muito importante de nossas vidas, assim acredito eu.
Torço muito por voces, mantenha contato.
Beijos no seu coração.
DJJ.

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Carnaval, festa de dor

06/02/05

O carnaval passado chegou, como sempre: samba, alegria, festa popular. Chegou nas ruas, nas casas, chegou no mundo.
O carnaval passado chegou com a dor a perda, trouxe a loucura. A festa popular que em um passado distante era gostosa e ingênua, hoje é pura loucura. Descaso, pouco caso e agressão. No meu caso, dor, angustia e aflição.
No carnaval passado, numa segunda feira, a folia corria solta e os trios, corriam elétricos. As musas sem roupas mostravam seus créditos.
No meio da folia, minha filha partia para sempre. O povo bebia, cantava, brincava nos salões. Dentro da UTI, um médico lutava contra o tempo. Pouquíssimo tempo. Lutava para que minha filha acordasse e soubesse que era carnaval. Mas o tempo não deixou. A morte a levou.
Do lado de fora, olhou nos olhos do pai e da irmã: ela ficou!
Como assim? - o pai perguntou.
- Ela se foi, nos a perdemos.
A irmã desmaiou. Acordou, se rasgou, desesperada...
Na segunda feira de carnaval o telefone tocou. Nossa Chris se foi para sempre. Eternamente.
Já faz tempo que não gosto de carnaval. Hoje, eu não suporto carnaval. Hoje não quero mais Natal, não quero mais carnaval, não quero samba, não quero mais fantasias. Hoje quero o carnaval distante, longe dos restos dos meus dias. Hoje, nesse carnaval, só quero gritar minha dor.
Por quê, por quê meu amor? Essa pergunta não me faço hoje, nem mesmo a fiz só no Natal, ela está cravada no meu coração, tangida em minha alma. Será para sempre e sei que nunca terei a resposta.

Às vezes o escuro causa panico, sensação de perda e de abandono. Nunca devemos permitir o escuro em nossas almas.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Pensando em encerrar o blog

Penso nesse momento, dia 14/11/07, em escrever algumas coisas sobre a vida de minha menina. Depois, não sei se colocarei mais coisas ou se vou terminar com essa pequena estória. O tempo me dirá. Saudade, muita saudade!


Me disse um certo médico, aos meus dezesseis anos de idade, que meu útero era infantil e reverso, portanto, não engravidaria sem tratamento. Aos dezessete anos e quatro meses de vida, engravidei de minha querida e adorada Chris.
Que bom que aquele médico estava errado! Que triste que outros médicos estavam errados! O primeiro, com seu erro, me deixou muito feliz; os outros, me deixaram ................
Não sei mais de palavras.

Minha pequena nasceu Chris, pois sabia que qualquer outro nome que começasse dessa maneira lhe traria Chris como apelido. Nasceu cabeluda, cabelos negros, olhos grandes parecendo jabuticabas.
Primeira neta, primeira sobrinha, tantos vestidinhos lindos dados pela tia Dalva. Meiga, doce e gentil, carinhosa, risonha e chupeteira.
Chris tinha três anos, quando cheguei do hospital com sua irmã, Mariana. No mesmo dia, lá veio ela carregando a irmãzinha com suas pequenas mãozinhas, segurando-a por debaixo de seus pequenos e frágeis bracinhos, dizendo toda feliz:
- Olha! eu trouxe o neném pra você!
Atravessou o pequeno corredor e chegou em meu quarto, as fraldas caindo. Gelei! Sussurrei aos ouvidos do pai: Meu Deus! O que a gente faz?
- Calma, não fale nada.
Ela me entregou a Mariana e imediatamente minha cabeça começou a doer. Levei algum tempo me recuperando do susto...

Eram amigas, só que com tres anos e pouco de diferença, a Chris não gostava de levar a Mari aos passeios. Normal entre todos irmãos que se prezem, os mais velhos sempre acham que são adultos e que os menores irão atrapalhar.
Muitas peraltices, passeios, viagens. Levava uma vida agitada e saudável. Com menos de dez anos, deixei que viajasse com uma família amiga para Alagoas! Logo depois, vieram as viagens para o Recife, na casa da tia Sônia...
Adoravam aos Menudos. Ela e a Mari foram ao show. Apavorados, permitimos. Fomos liberais demais, pais jovens e achando tudo natural. Mas tudo cercado de muito diálogo, carinho e atenção.
Ciganas depois de minha separação, acreditava que seria breve, mas não foi assim. Moraram com a avó, com a tia, depois voltaram pra mim e finalmente de novo para o pai. Que bom que um pai de verdade, amigo, companheiro, decente, amoroso, carinhoso. Um pai.
Aos dezesseis a primeira paixão, um grande amor: Deny, um garoto travesso, as vezes muito moleque. Ficava apreensiva, vigiava e um dia acabou. Em uma das brigas ela se sentou no portão do prédio e chorava, chorava muito. Lá de cima eu observando e sofrendo com ela. Então, escrevi um poema, do qual só recordo algumas palavras:

Por que

Por que só ao choro da morte ninguém se espanta?
Por que ao choro do amor os vizinhos e todos que passam se assustam?
Melhor chorarmos muito de amor, por amor, do que tão cedo chorarem por nossa partida, chorarem o choro pela nossa morte.

Quando de minha separação, foi irmã-amiga e um pouco mãe de sua irmã.
Conheceu o pai de seu menino Cauê, quando tinha mais ou menos vinte e dois anos. Nunca se casaram, ela morando com o pai e ele com a mãe dele. Pouco antes de sua partida, me confidenciou:
- Quero morar só com meu filho, estou cansada do André.
Sua decisão não foi respeitada por médicos negligentes, omissos e relutantes.
Tinha voltado à estudar, queria se formar, criar seu menino e fazer dele um ser feliz. Mas não é o que está acontecendo hoje, com tanto sofrimento.
A Chris foi uma criança adorável, uma jovem alegre, uma pessoa generosa, uma mulher consciente, uma filha amorosa, mãe cuidadosa e gentil.
Um caminho interrompido, ceifada de nossas vidas, arrancada de seu filho por descaso, puro descaso, negligencia, prepotência e falta de humanidade.
Ser médico, na maioria das vezes, é ter status, claro que para os privilegiados.
Se foi, assim, se foi, uma “simples cirurgia” que se transformou em um inferno em vida, quarenta dias de sofrer e depois partir, para sempre, pra nunca mais, nunca mais! Nunnnnnnnnncccccccccaaaaaaaaaa mmmmmaaaaaiiiiissssss!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Eternamente sem ela!!!!!

Em tudo que escrevi joguei minha alma, meu coração, derramei todas as lágrimas que tive e ainda as derramo: pela manhã e a noite, nas madrugadas de insônia, na rua, na condução, dentro de toda minha revolução que começou no dia que se foi e sei que só se acabará quando me for pra te encontrar.
Te roubaram de mim mas nunca roubarão o amor que sinto por você.
Filha, te amo!

sábado, 10 de novembro de 2007

O primeiro dia

03/11/06

Espero que hoje seja o primeiro dia do restante dos que terei ainda.
Espero um renascer, mesmo parecendo enlouquecer.
Portas não se fecharam para mim e nem por mim.
Esconde-esconde será somente brincadeira de criança.
Quando a solidão chegar, será bem vinda, gostarei de estar comigo.
Os fins de semanas, espero sejam bem aproveitados e os de semana também.
Quero minha alma a sorrir bastante, meu coração só disparar por amor e muita alegria.
Espero que hoje possa ser o primeiro dia dos que me restam por aqui.
Dias esses em que abrirei as janelas, a porta que dá para a rua e que leva meus passos ao encontro de amigos.
Hoje espero, de fato, que seja o primeiro dos dias que me restam por aqui.
Que seja esse o primeiro de milhares que espero ter ainda, com força, vontade e garra de luta.
Dias de lua, de sol e estrelas.
Dias de abraços e beijos.
Dias de vitórias e menos sofrimento e que eu consiga entenda o que se faz necessário entender.

Movimento

Que se perceba no chamar o caminho que irá seguir.
Que desacredite de promessas e se faça desassosegar.
Que busque a bondade e um tanto mais de bondade.
Eterneça o coração e se disponha a perdoar.
Digo a ti talvez o que eu precise escutar.
Penso no que te passo a falar.
Busco de fato o que espero ainda acreditar.
Sonho acordada fazendo planos e espero faze-los acontecer.
Pesadelo, acordando assustada.
O corpo tremendo, a cabeça pesada, chega a revolta com tudo e todos.
Preciso de um pouco de descanso, um canto com paz.
Que eu me encontre logo e que me perceba podendo, fazendo rápido o tempo do amenizar e do sorrir.
Que logo eu possa entender que nunca dois e dois cinco se fará.
E que eu entenda logo que nunca mais ela irá voltar.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Barulho no silêncio

O barulho, os gritos e desavenças, maltratam o silêncio.
Ele não se aquieta, o silêncio está barulhento.
Na pouca calma que o dia traz a cabeça não consegue descansar.
Pense e repensa, faz perguntas e busca respostas.
Saio pra rua, estranho tudo, falam muito.
Barulho da vida, da luta, do viver e correr.
Quero silencio e não sei onde encontrar.
Não quero mais viver mas não quero partir.
Estou no laço do repetido, cansada exausta, aprisionada livre. Presa na dor que insiste em doer, na saudade que insiste em me enlouquecer.
Preciso reagir, tenho filha, meus netos, mas uma pessoa ou mesmo muitas, não substitui outra. Uma perda não se compensa, cada ser é unico e nada mudará isso.
Sei que querem me ajudar, mas ninguém pode nada.
Dicerto na loucura, viajo ao passado.
Incompreensivel, inimaginavel, insuportável.
Me deixem. Isso tudo é só meu!

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Viver

Viver é bom mas dói.
Se chamusca, se enruga, nasce verruga.
Viver é bom, se ama, se constrói e se grita.
Lapida-se a vida. Mas, às vezes, o fogo destrói.
Quando se nasce mandam flores, quando se morre também.
Levam nossos filhos, colhemos rosas, plantamos margaridas e fumamos mais. Se dorme menos e a vida se arrasta.
É bom viver, a vida é viva e a morte está aqui. A dor não passa, o choro não cessa e a saudade cresce.
Vem o desespero, querer alguém que nunca mais teremos. Nem os sorrisos, nem os beijos e nem os afagos, a alegria do bom dia, o alegre do boa noite. Nada de pedir desculpas depois de uma briga, ofertar uma colher de mel quando se fica de bem.
Quero abraçá-la, agora fico de braços abertos e ela não está.
O fato é que a vida é sim, boa. Mas nunca quando nos roubam um filho.

domingo, 4 de novembro de 2007

Promessas

A cabeça sem trégua e o tempo com pressa.
Um martírio, um delirio, um corpo entregue.
Surpresas, vontades, mas eu inanimada, inerte.
Choro no peito, na alma e na face.
Um pequeno gosto com muitos desgostos.
Solidão, silencio na escuridão.
Afazeres e poucos prazeres, renitência e pertinência.
Vozes, falas doces, risos contentes.
Eu perdida, acuada e assustada.
Marcada eternamente: viver, mover, me mexer, morrer ,não morrer, viver.
Festa, passos, copos cheios.
Reencontros e desencontros, conhecer.
Música, dança, canto
Poema, prosas e abraços.
Busco, penso, peço e não peço.
Preciso, quero mas não posso.
Corpo jogado, cabeça cobrando, esperança com medo.
Dia partindo, noite chegando, desassossego, socorro!
Chegou alguem? Chamou por mim?
Nada acontece.

Grito

Quero dar um grito dilacerado, escancarado! Um grito grunhido, desesperado.
E que em face disso o surdo volte a ouvir, o cego volte a enxergar e o cadeirante ande.
Um grito tamanho, onde duros corações voltem a palpitar, que olhos já secos voltem a verter lágrimas, que o bêbado saia do bar e o viciado pare de se drogar, que pequenos meninos abandonados tenham um lar.
Quero um grito limpando meu peito pois seu peso me faz cansar.
Um grito que corra com o vento, até que chegue ao mar. Que rache rochas, apague dores e suspiros. Um grito capaz, que varra pegadas de tanto mal amar.
Um grito estalante, assustador, e que demore outro a chegar. E que, então, sobre espaço para muito gargalhar...

Não pensei

Imensidão de palavras mas poucas para expressar o que sinto.
Pensamentos afoitos que se misturam na ansiedade desesperada.
Isnpiração que aflora e some, em instantes de pensamentos tumultuados.
Um cair pesado de chuva, um filete de vento pela porta semi-aberta.
O peito apertado, um doce acalanto pedindo aconchego.
Uma leitura afoita, curiosa, que no seu findar causa angústia e medo.
Uma vida parada, um corpo preso sem obedecer ao comando, no desespero de sorrir, trabalhar e voltar à viver.
Um mergulho profundo na espera da cura de uma doença que maltrata demais, a espera de outra cura que nunca se fará.
O tempo correndo, os anos se findando, rápidos, encurtando a vida. Quantos forem os anos que me restem, neles carregarei essa dor...
Quando a chuva se ameniza, ficam goteiras pesadas e latejantes e a noite já se faz fresca. Mas o peito ainda se faz inquieto.
Devaneio, castelo, ousadia, perplexidade, uma espera desse tempo que não pára e não me traz o tempo de paz.

Busca

A paz que busco não é pomba branca. É calma, doce e cheia de compreensão.
É a mudança da cara do meu coração que se encontra vermelho com manchas negras, soltando lágrimas com matizes de dor.
Hoje, sou metade de mim. Pensava ter perdido um pedaço e hoje percebo que não foi assim.
Já seria demais arrastar minha doença em busca da cura. Agora, me arrasto também buscando paz para essa dor.
Ser inteira, viver, já se faz luta feroz. Ser metade é correr os dias se colando a cada minuto, com a alma quebrada, o peito preso em cordas, o choro chegando a cada piscar de olhos, perdidos no nada.
O coração sangra, as imagens são recorrentes: primeiro aquele caixão maldito e seu sono eterno, depois ela chegando em casa, encontrando seu menino em sorriso escancarado, estendendo suas roupas no varal, limpando o jardim sentada em pequeno banco e depois partindo em uma de suas voltas para aquele hospital-calabouço...
Sou mistura de esperança e desespero, sou pessoa lutando em desmorono, com medo da morte, querendo morrer, acreditando sem nada entender.
A paz que busco é entendimento, verdades, harmonia e risada.
Não é pomba branca, é pássaro gigante, dourado, orelhas de prata, garganta de pedras coloridas, é onda de mar batendo em rochas de algodão, pássaro com bico de espuma soltanto bolinhas de estrelas, magia de alegria, sem gritos nem portas batendo, sem flechas envenenadas.
Vislumbro um caminho mas não sei ainda qual será, busco na mente pois meus passos ainda se apequenam dentro das dores que carrego.

Não sei cantar

Preciso que me empreste a tua voz.
Preciso de uma melodia de saudade, de esperança. Um acorde de renascer, um refrão de luz chamando mães decepadas a ouvirem uma canção de aceitar, mesmo sem entender.
Aceitar uma canção de saudade como companheira eterna.
Acender uma vela, esconder os retratos ou buscá-los a todo momento.
Doar, guardar as lembranças, dizer preces e buscar respostas: cada coração dirá o que fazer.
A canção nos chegaria e cada mãe que a ouvisse saberia que estamos juntas nessa estrada e que, mesmo sem nos conhecermos, saberemos como está a alma de cada uma de nós.
Mesmo sem saber o porque, saberemos que isso não importa. Todas entenderam que a dor é universal, atravessa os oceanos e chega a qualquer mãe ou pai.
Quero uma voz emprestada, como ajuda para descarregar tanta dor, dizer bem alto aos céus que tenha compaixão pelos pais e derrame um pouco de luz em peitos tão cheios de fúria.
Quero uma voz, um anjo de luz que traga o sol em almas geladas de tristeza.
A natureza é linda e é sábia, mas também erra. Carregar filhos é deixar pais perdidos, como chuva sem água, estrelas sem brilho, corte sem sangue e chorar a dor sem lágrimas. É gritar sem som, escutar sem ouvir, enxergar sem ver, sorrir sem boca e caminhar sem pés.
Calo agora minha voz, espero a sua emprestada para gritar e dizer que só me resta aceitar. Pois entender essa perda, jamais!

Vida! Que se faça viva!

Que me pese tanto a vida, terá o fardo que diminuir. Com tantos erros já cometidos, chegou a morte em minha vida, levando minha filha.
Que me acredite vencendo, a saudade nunca se acalmará. Peço, ao menos, que a dor possa se abrandar.
Que já me pese tanto a vida, que minha saúde possa melhorar.
Mesmo que eu já não espere tanto gargalhar, que possa pelo menos sorrir.
O passado já se foi e nunca a trará de volta.
Peço meu fardo mais leve pois é muito peso para carregar.
Tantos desencantos se fizeram, tantos chamegos se findaram.
Vida que se fazia viver, rir, se escancarar.
Vida que hoje traz despedaços, me tirando o riso, o sono e o prazer.
Que me pese menos os meus dias, que roubem menos os nossos sonhos.

Fraca força

Guerreio e creio que consigo, fraquejo e caio.
Levanto, esperneio, coloco tudo no lugar. A força, que é fraca e pouca, volta a me puxar.
A força forte, do outro lado, me arrasta, desmancha minha vontade de lutar e de novo joga tudo pelo ar.
Chega um novo dia, de acreditar e se levantar. Pés a caminhar, e logo os pensamentos começam a fraquejar.

Espanar as teias, não querer mais se enredar!!
Fazer a força forte e se por à navegar!!
As ondas são gigantes o vento, forte. Fazer das braçadas um braço de mar...
Jogar a rede sem se enroscar, comer o peixe sem se magoar.
Olhar o dia de sol, brindar a chegada da chuva, prestar atenção à letra da música.
Perceber o abrir da rosa, acreditar na valsa estelar.
Pegar uma criança no colo, lhe devolver o sorriso perdido.
De dentro da cartola, nenhuma pomba irá voar.
De dentro de nossos corações, muito amor pode brotar.
De nossos olhos, olhares cúmplices podemos dar.
De nossas bocas dizer o necessário e muitos sorrisos presentear.

Eternidade

Enquanto pulsa meu coração, vida tenho. Que vida tenho?
Durmo, acordo, desfaleço, sempre em tropeços.

Chega de crenças, procuras e respostas. Já o que sofro se faz bastante para meu coração. Qual vida hoje tem minha menina? Nenhuma. Vive somente em meu coração.
É para sempre, é finito, não quero mais nada buscar.
Conversava com ela todos os dias pedindo que viesse me encontrar e sei que jamais deixaria de vir se o pudesse fazer, não me deixaria tanto sofrer.
Começo, meio e fim é o que temos nesse mundo e a unica certeza é que todos iremos findar. Chegou o dia em que partiu, só no meu coração poderá estar.

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Imagem.

Sào duas imagens,qual seja a primeira,logo chega a segunda.
A cada dia de vida,um instante desprevenida,um momento para descansar,chega a primeira,logo em seguida vem a segunda.
Primeiro seu choro de medo e dor,em seguida seu sono eterno e profundo.
Qual seja a primeira,logo em seguida chega a segunda.
Algumas imagens alegres e de-repente a raiva cresce,ve-la sorrindo não combina em ve-la partindo.
Fico me perguntando,como éssa dor não acaba?
Quando essa saudade termina?
Sei da resposta,e a noite aflora,e o relogio não para,e o dia clareia e meu peito acelera,e a vida me espera.
Quando a primeira imagem aparece,em seguida chega a segunda,procuro as imagens alegres,mas isso não faz com que meu coração não adoeça,e que a dor sempre em mim não me padeça.

desespero malvado.

Ontem acordei em desespero,morria de saudade de voce!
Depois que partiu,estive em sua pequena cidade apenas uma vez.
Ontem,decidi la voltar,e levei seu bebê comigo para ele saber onde voce estava.
Eu ausente ainda da nova realidade,precisava ir,pensava muito nisso,então resolvi enfrentar.
Pensava que pudesse resgatar a falta de vida que eu tinha,quando te roubaram de mim.
Não imaginei nunca que um dia perderia uma filha(ninguém imagina o pior)e que éssa dor seria infinita.
Nunca pensei que sairia na rua sem dentes,com roupas ridiculas,sandalias encardidas,óculos quebrados.
Eu não precisava olhar para as pessoas para saber que me olhavam e se assustavam.
Nada disso me importava,mal conseguia guiar meus passos para chegar onde voce estava.
Eu precisava disso,saber onde voce estava,que jamais poderia te ver novamente,e mais ainda,nunca mais poderia traze-la de volta.
Marina insistiu para que comprassemos flores,meu coração arrebentado não quis.
Voce não poderia recebe-las,sentir seu perfume,agradecer e sorrir.
Néssa pequena cidade tem muito choro e muita dor,mas também tem piada comércio,carros bonitos e gente bem vestida.
Tem também sujeira limpeza,maldade e bondade,sensibilidade e frieza,tudo que tem em qualquer lugar,pois a vida esta perto da morte,e a morte presente na vida.