Estranhamente, um dia pensei: não deveria ser assim. Com essa perda tão dificil, sem compreender o que se passou, com essa ausência tão cruel, tomada de dor renitente e saudade permanente, pensei que talvez pudéssemos vir a ser diferentes, pessoas melhores.
Pensei que a dor da morte que acontece na casa do vizinho e leva seu único filho, pudesse me fazer repensar a vida, já que tamanha dor eu jamais sentiria. Mas pouco tempo depois, a morte chegou na minha casa e carregou a vida de uma filha minha.
No meio de tanta dor e sofrimento tive a certeza de que as coisas que nos pertubam deveriam ser grãos de areia perto dessa dor tão devastadora. Mas não é assim que funciona. Fiquei surpresa. Nem mesmo com a morte de um filho se deixa de ser tão mesquinho? Que coisa é essa tão preemente, que afazer é esse tão importante, que nos tira a capacidade de perceber o que é de fato importante? O que é ser humano? O que é ser, humano?
Fato consumado, nem mesmo a morte de um filho nos deixa ser menos feio, menos perversos, vaidosos e prepotentes.
- Você esqueceu de secar os pés, está molhando todo o chão da sala!!
Os pés da minha filha, os pés do filho do vizinho, não mais ficarão sujos de terra, nem molhados da água da chuva; suas vozes se calaram, seus ouvidos estão surdos, enterraram suas gargalhadas.
O mundo não para, não pode e nem deve. A cada instante tantos filhos se vão, tantos filhos nascem; o dia ainda amanhece e no seu fim a noite ainda escurece; a chuva continua chovendo e a lua continua aparecendo; o sol continua nascendo e mais tarde continua se escondendo.
A Gal ainda canta Honey Baby e teremos sempre noites quentes.
E de repente, o céu se pinta de estrelas. O mundo ainda briga, o vicio ainda se alastra. As dores nunca cessam e o amor vai se diluindo. Valores se misturam, se perdem nos caminhos. À vida não é dada a importância merecida. Quando se acaba, escondemos a morte de nossas conversas.
Deixando-a de lado, voltamos à vida. Qual vida?
A vida que nos acorda sem nosso bem querer.
A vida que nos leva a deitar sem mais poder dizer: boa noite, até amanhã.
Por quê brigar por tudo se tudo é nada.
Por quê brigar por nada se nada é nada.
Pois tudo é nada e nada é tudo.
Tudo é ínfimo perto de sua partida.
Mas assim somos e quando o tempo passa, mesmo com a dor e a saudade, voltamos a ser mesquinhos e brigamos por tudo, reclamamos de tudo
Resta a esperança (e eu tenho certeza) de que uma mãe muda sim muitos valores.
Pensei que a dor da morte que acontece na casa do vizinho e leva seu único filho, pudesse me fazer repensar a vida, já que tamanha dor eu jamais sentiria. Mas pouco tempo depois, a morte chegou na minha casa e carregou a vida de uma filha minha.
No meio de tanta dor e sofrimento tive a certeza de que as coisas que nos pertubam deveriam ser grãos de areia perto dessa dor tão devastadora. Mas não é assim que funciona. Fiquei surpresa. Nem mesmo com a morte de um filho se deixa de ser tão mesquinho? Que coisa é essa tão preemente, que afazer é esse tão importante, que nos tira a capacidade de perceber o que é de fato importante? O que é ser humano? O que é ser, humano?
Fato consumado, nem mesmo a morte de um filho nos deixa ser menos feio, menos perversos, vaidosos e prepotentes.
- Você esqueceu de secar os pés, está molhando todo o chão da sala!!
Os pés da minha filha, os pés do filho do vizinho, não mais ficarão sujos de terra, nem molhados da água da chuva; suas vozes se calaram, seus ouvidos estão surdos, enterraram suas gargalhadas.
O mundo não para, não pode e nem deve. A cada instante tantos filhos se vão, tantos filhos nascem; o dia ainda amanhece e no seu fim a noite ainda escurece; a chuva continua chovendo e a lua continua aparecendo; o sol continua nascendo e mais tarde continua se escondendo.
A Gal ainda canta Honey Baby e teremos sempre noites quentes.
E de repente, o céu se pinta de estrelas. O mundo ainda briga, o vicio ainda se alastra. As dores nunca cessam e o amor vai se diluindo. Valores se misturam, se perdem nos caminhos. À vida não é dada a importância merecida. Quando se acaba, escondemos a morte de nossas conversas.
Deixando-a de lado, voltamos à vida. Qual vida?
A vida que nos acorda sem nosso bem querer.
A vida que nos leva a deitar sem mais poder dizer: boa noite, até amanhã.
Por quê brigar por tudo se tudo é nada.
Por quê brigar por nada se nada é nada.
Pois tudo é nada e nada é tudo.
Tudo é ínfimo perto de sua partida.
Mas assim somos e quando o tempo passa, mesmo com a dor e a saudade, voltamos a ser mesquinhos e brigamos por tudo, reclamamos de tudo
Resta a esperança (e eu tenho certeza) de que uma mãe muda sim muitos valores.