terça-feira, 2 de outubro de 2007

Chora céu! Aniversário de Elis, saudades da Chris.

Céu enegrecido, por vezes clarões riscando seu infinito. Ouço trovoadas que parecem gritos de dor. Ele está se preparando para mandar sua água.
Há muito Elis se foi, há pouco se foi Chris. Elis e minha filha deixaram seus filhos, filhos que ficaram sem mãe. Triste constatação, essa. Filmes e fotos, tudo é tesouro, alento pra quem fica.
Queria assistir ao seu aniversário, Elis! Se estivesse aqui, queria cantar com tua alma pela partida da Chris. Carregou com você sua voz, mas deixou-a para a eternidade. Estaria fazendo sessenta anos, como seria? Continuaria sendo Elis brava, Elis pimenta, voz de prata saindo da garganta de benção?
Ouvi pelo rádio que havia partido: me joguei na cama soluçando sua ida. Elis guerreira, pequena grande mulher. Gigante. Elis inquietante, borbulhante, de gestos grandes e presença marcante.
Lembro-me sempre de Elis: adorava vê-la, era um deleite ouvi-la.
Te conheci rapidamente, apenas quando fui me despedir. Estava maquiada, um batom rosa, na mesma cor do batom que passaram nos lábios da Chris. Quisemos que partissem bonitas dessa vida aguerrida, dessa luta feroz...
A Chris faria 34 anos em maio. Chris guerreira, mas de gestos amenos. Presença aconchegante. Todos os dias, com seus minutos e segundos, lembro da Chris. No dia de hoje, misturo as duas. No dia de hoje, continua a pergunta: onde está a Chris, onde está você, Elis? Peço que a encontre, cante para ela que tanto curtia te cantar e te ouvir, desde criança ouvia-me te exaltar. Cuide dela por mim e mande um recado: quero que sejam felizes, que curtam o paraíso. Cuidaremos dos que aqui ficaram até que todos nos encontremos.
Céu enegrecido, as trovoadas continuam ensurdecendo meus ouvidos, descarregando sua ira, jogando na terra a sua dor, despejando todo o seu choro.
A dor que tenho hoje faz com que eu perceba que cada um carrega a sua. Tanto a dor quanto a saudade são únicas. Nada de dentro, nada da alma, pode ser dividido: te dou um pedaço de pão, divido contigo um copo de vinho, mas dor, agonia e desespero, cada um de nós sente a a sua.

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