Tarde quente, coração apertado, lembranças. Muitas lembranças.
Estou na sala da casa da Dalva. A mesma sala onde ficamos desde sábado até aquela segunda-feira, quando chegou a noticia. Ficamos todos, nesses tres dias, rezando, pedindo, entrando e saindo, orando e chorando. O telefone não parava e a cada toque um sobressalto, um arrepio.
Dormia-se tarde, acordava-se cedo. Comer eu não queria. Descansar, como? Eu não podia.
Fazíamos corrente, implorávamos: Chris, volta, por favor volta, acorda e vem pra casa, estamos te esperando. O Cauê está te esperando, o André também.
Chega de tanta dor! Acreditávamos todos que ela iria voltar...
O telefone tocou:
- Mãe, um a zero pra nós!
- Verdade filha??
Mais tarde:
- Mãe, quatro a zero pra nós!
- Meu Deus! Não me engane, é verdade?
- Claro! Ela vai sair dessa!
Quanto medo! A cada toque, a pergunta: e agora, quem atende? Qual será a notícia?
Na segunda-feira eu estava na casa da Sonia. O almoço estava para ser servido: na mesa o Mantu, o Sérgio e eu; na pia, a Renata e a Sonia no fogão.
Na sala estava o marcelo e na UTI minha filha morrendo.
Meu coração se apertou, se esmagou e a respiração quase faltou. Preciso ir pra Dalva, quero ir embora daqui!
O telefone tocou:
- Rô, a Mari está aí? - perguntou o pai.
Por quê ela estaria? Não está com você?
Claro! Eu já sabia... corri pra rua e a Marina me acompanhou. Minha filha estava morta!
Como estará a Mari? E o Piga? Como estará o André?
Minha filha, meio filha de minha outra filha, chegou.
- Mari! Ela morreu??
- Claro que não mãe, vamos entrar.
Sentei no sofá, a Mari se ajoelhou aos meus pés:
- Mãe, todos vamos precisar muito de você.
Será que os assassinos vão pagar?
Quero ver a cara de todos, quero ver as mãos de todos.
- Isso tudo é teatro - profetizou o psiquiatra.
A cortina se fechou. A platéia estava no hospital, em casa, orando, sofrendo, esperando e chorando.
Espero que eles sim, subam ao palco e no centro tenha um juiz e que a decisão seja justa.
Parem de matar!!!
Estudem de verdade, amem a profissão.
Parem de arrancar filhos dos braços de suas mães, seus pais, tirar irmãos, amores de suas famílias.
Chega! Chega de ousar, experimentar, chega de brincar!
Estou na sala da casa da Dalva. A mesma sala onde ficamos desde sábado até aquela segunda-feira, quando chegou a noticia. Ficamos todos, nesses tres dias, rezando, pedindo, entrando e saindo, orando e chorando. O telefone não parava e a cada toque um sobressalto, um arrepio.
Dormia-se tarde, acordava-se cedo. Comer eu não queria. Descansar, como? Eu não podia.
Fazíamos corrente, implorávamos: Chris, volta, por favor volta, acorda e vem pra casa, estamos te esperando. O Cauê está te esperando, o André também.
Chega de tanta dor! Acreditávamos todos que ela iria voltar...
O telefone tocou:
- Mãe, um a zero pra nós!
- Verdade filha??
Mais tarde:
- Mãe, quatro a zero pra nós!
- Meu Deus! Não me engane, é verdade?
- Claro! Ela vai sair dessa!
Quanto medo! A cada toque, a pergunta: e agora, quem atende? Qual será a notícia?
Na segunda-feira eu estava na casa da Sonia. O almoço estava para ser servido: na mesa o Mantu, o Sérgio e eu; na pia, a Renata e a Sonia no fogão.
Na sala estava o marcelo e na UTI minha filha morrendo.
Meu coração se apertou, se esmagou e a respiração quase faltou. Preciso ir pra Dalva, quero ir embora daqui!
O telefone tocou:
- Rô, a Mari está aí? - perguntou o pai.
Por quê ela estaria? Não está com você?
Claro! Eu já sabia... corri pra rua e a Marina me acompanhou. Minha filha estava morta!
Como estará a Mari? E o Piga? Como estará o André?
Minha filha, meio filha de minha outra filha, chegou.
- Mari! Ela morreu??
- Claro que não mãe, vamos entrar.
Sentei no sofá, a Mari se ajoelhou aos meus pés:
- Mãe, todos vamos precisar muito de você.
Será que os assassinos vão pagar?
Quero ver a cara de todos, quero ver as mãos de todos.
- Isso tudo é teatro - profetizou o psiquiatra.
A cortina se fechou. A platéia estava no hospital, em casa, orando, sofrendo, esperando e chorando.
Espero que eles sim, subam ao palco e no centro tenha um juiz e que a decisão seja justa.
Parem de matar!!!
Estudem de verdade, amem a profissão.
Parem de arrancar filhos dos braços de suas mães, seus pais, tirar irmãos, amores de suas famílias.
Chega! Chega de ousar, experimentar, chega de brincar!