domingo, 4 de novembro de 2007

Não sei cantar

Preciso que me empreste a tua voz.
Preciso de uma melodia de saudade, de esperança. Um acorde de renascer, um refrão de luz chamando mães decepadas a ouvirem uma canção de aceitar, mesmo sem entender.
Aceitar uma canção de saudade como companheira eterna.
Acender uma vela, esconder os retratos ou buscá-los a todo momento.
Doar, guardar as lembranças, dizer preces e buscar respostas: cada coração dirá o que fazer.
A canção nos chegaria e cada mãe que a ouvisse saberia que estamos juntas nessa estrada e que, mesmo sem nos conhecermos, saberemos como está a alma de cada uma de nós.
Mesmo sem saber o porque, saberemos que isso não importa. Todas entenderam que a dor é universal, atravessa os oceanos e chega a qualquer mãe ou pai.
Quero uma voz emprestada, como ajuda para descarregar tanta dor, dizer bem alto aos céus que tenha compaixão pelos pais e derrame um pouco de luz em peitos tão cheios de fúria.
Quero uma voz, um anjo de luz que traga o sol em almas geladas de tristeza.
A natureza é linda e é sábia, mas também erra. Carregar filhos é deixar pais perdidos, como chuva sem água, estrelas sem brilho, corte sem sangue e chorar a dor sem lágrimas. É gritar sem som, escutar sem ouvir, enxergar sem ver, sorrir sem boca e caminhar sem pés.
Calo agora minha voz, espero a sua emprestada para gritar e dizer que só me resta aceitar. Pois entender essa perda, jamais!

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