Na rua de casa, uns cinco meses antes de a Chris partir, morreu um garoto de dezesseis anos. Ela e a Mari o conheciam desde pequeno, costumava brincar em casa com a Juliana.
Um dia, reclamando de minha depressão, escutei dela:
- Mãe, sei que deve ser difícil essa doença mas será que tem dor pior do que a de perder um filho?
Não, Chris. Te respondo só hoje: não tem dor maior.
Não conseguimos entender: eu, o pai e a irmã. A Mari, depois de um tempo, me confidenciou:
- O choque persiste, não queremos entender de morte.
Ela ainda não acredita, eu não aceito e o pai trancou sua dor – esconde-a no peito, chora sua perda a sós, não consegue dividir.
Só podemos saber sobre isso quando chega em nossa casa. O que estou vivendo? Como posso continuar? Quem me tira de baixo desse trator que esmaga o meu peito?
Minha cabeça rodopia, preciso de ajuda, preciso me acalmar.
Vejo minha filha chorando, como faço pra consolá-la?
Não me despedi, meus beijos foram tímidos, suas mãos estavam geladas e machucadas. Seu rosto estava triste, ela não queria ir. E eu não podia trazê-la de volta.
Nada mais eu podia. Disso, eu entendia: não tem não, Chris, dor maior que a da perda de um filho.
quinta-feira, 27 de setembro de 2007
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