Assim como a chuva, pesada, gelada e cheia de fúria com vento arrastando, céu carregado, nuvens espessas, clarões de fogo, pedidos de socorro, perdida no choro.
Pés enrugados, dedos crispados, solidão encardida, com a casca apodrecida da ferida que não cicatriza, caminho pra frente mas arcada de peso de alma doida, de grito preso, de voz embebida.
Tenho chispas nos olhos, fagulhas douradas, caminho sem doce no mel, sem perfume nas rosas, com chuva de restos caídos do céu.
Algo chega na terra de chicote nas mãos: açoita minha alma, grunhe a boca e o suor escorre como seiva do caule.
Veneno que mata a vida no jardim, jardim que acolhia margaridas tristes que não quiseram brotar pois ela não estaria mais lá.
A terra cansada, seca e suja, se agarra nas muretas manchadas de tinta; terra que restou das águas que limparam marcas da vaidade de uma casa limpa.
Mas na casa, mora a saudade. No jardim, a solidão e no quintal a gargalhada que emudeceu.
quarta-feira, 26 de setembro de 2007
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